Ele está de volta (Ou nunca se foi?)
- JORNAL WALDEMAR (JMAIW)
- 3 de jun. de 2018
- 2 min de leitura
Atualizado: 5 de ago. de 2018
Depois de uma indecisão que durou bastante tempo sobre qual tema escrever, uma obra – e sua adaptação – me pareceram a única escolha plausível, dado o cenário político do Brasil e do mundo.

Após mais de sessenta anos do fim da Segunda Guerra Mundial, Adolf Hitler acorda em um terreno baldio de Berlim, sem sequer saber que a guerra acabou e de todas mudanças que a Alemanha e o mundo tiveram. A partir disso, vemos coisas de nosso cotidiano através da sua visão – por exemplo, o Youtube é uma mídia livre do controle de judeus querendo te obrigar a assistir algo. Sendo confundido com um comediante ou um ator que segue muuito o seu papel, um de seus discursos é gravado e se torna um viral na internet.
O desenrolar da história deixarei para que leiam o livro/assistam o filme, entretanto, para o texto o foco estará em uma parte específica da obra, com uma correlação com a nossa realidade.
Quando eu li pela primeira vez, fiquei maravilhado com a forma como o autor consegue incorporar Hitler de um modo que muitas vezes, me fazia esquecer ser uma ficção e acreditar estar lendo uma apêndice do Mein Kampf (Minha luta, livro escrito por Hitler e base da doutrina nazista). Entretanto, com o passar do tempo e muitas notícias depois, fui percebendo assustado como era fácil para as pessoas emularem a doutrina preconceituosa e sem qualquer receio, seja através de uma inversão dos valores ou a negação - afinal, todos somos heróis a partir de nossa própria visão.

E esta característica da sociedade leva o ditador a apenas um resultado: O sucesso e a admiração. Sua facilidade em expressar preconceitos faz com que ele consiga um grande apoio, de uma população que, diante de problemas sociais e culturais, acolhe de braços abertos o extremismo. E como não ver semelhanças com nosso mundo, onde Trump é eleito presidente da maior potência mundial defendendo um muro para dividir dois povos? Onde o pré-candidato mais popular para as eleições de 2018 tem um discurso baseado em preconceitos, achismos e defendendo torturadores?(2)

A obra é uma leitura essencial e devemos utiliza-la como uma oportunidade para uma auto-análise: O quão diferente de Hitler somos? O diálogo final do filme (3) é genial em apontar essa reflexão, sendo a cereja de um bolo amargo, mas prazeroso. Em um cenário que muitos buscam a justificativa para crimes hediondos, justificar o fenômeno Hitler nunca foi tão fácil.
3 https://www.youtube.com/watch?v=qdk89H6ct5Q
Autor:
Alysson Henrrique

Amante de filmes, machadiano
e estudante por obrigação.
Tem 17 anos e buscará trazer ao jornal resenhas,
indicações ou até mesmo crônicas, afinal, não se pode
banhar duas vezes no mesmo rio. (Está se sentindo
estranho por escrever em terceira pessoa, mas é
o que geralmente fazem nessas descrições)
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